domingo, 2 de novembro de 2008

MAMÃE é DOWN!






Portadora de

SÍNDROME de DOWN e mãe da Valentina

Há no mundo cerca de 30 casos documentados de mulheres com a síndrome que deram à luz. Uma delas é Maria Gabriela, mulher de Fábio e mãe da pequena Valentina

Solange Azevedo (texto) e Rogério Albuquerque (fotos), de Socorro (SP)

EM FAMÍLIA

Valentina não herdou a deficiência intelectual do pai, Fábio, nem a síndrome de Down da mãe, Gabriela.

Tio, a barriga da Gabriela está dando socos. "Foi assim, no meio de um bate-papo inocente, que o estudante Fábio Marchete de Moraes, de 28 anos, deixou escapar que ele e a mulher brincavam de "examinar" o ventre dela. Fábio não imaginava que as pancadinhas partiam de uma criança em gestação. Maria Gabriela Andrade Demate, a dona da barriga, também de 28 anos, não fazia idéia de que estava grávida. Embora estivessem juntos havia três anos, dividindo o mesmo teto e a mesma cama, Fábio e Gabriela acreditavam que o sexo entre eles fosse proibido. Seus pais nunca tinham dito, de maneira explícita, que permitiam esse tipo de intimidade. Gabriela tem síndrome de Down. Fábio é deficiente intelectual.

Foi por desconfiar do abdome saliente de Gabriela que o amigo de Fábio procurou a mãe da jovem. "Os dois vêm a minha choperia quase todos os dias e me chamam de tio", diz Vlademir Cypriano. "Eles me contam coisas que não falam para mais ninguém." Um teste de farmácia, comprado às pressas, não foi suficiente para eliminar a suspeita. "Mesmo vendo as duas listrinhas do exame, não acreditava que a minha filha estivesse grávida", afirma Laurinda Ferreira de Andrade. "Levei Gabriela a três ginecologistas e nenhum deu certeza de que ela pudesse ter um bebê. Percebi que estava ficando mais gordinha. Mas achei que fosse por comer demais". A gestação avançada, descoberta aos seis meses, gerou pânico e encheu a família de dúvidas. Até o nascimento prematuro de Valentina, transcorreram cerca de 60 dias. "Foram os mais longos da minha vida", diz Laurinda.

Minha filha não tinha feito o pré-natal desde o início, como é recomendado. Por causa da síndrome de Down, ela poderia ter problemas cardíacos.

A gravidez era de risco".

Apesar de o processo de inclusão dos deficientes na sociedade estar distante da perfeição, Gabriela representa uma geração que tem desbravado caminhos. Quando ela nasceu, em 1980, não era comum avistar crianças Downs nos arredores de Socorro – município paulista de 33 mil habitantes fincado na divisa com Minas Gerais, onde Gabriela cresceu – nem pelas ruas de grande parte das cidades brasileiras. "Na hora do parto, perguntei ao médico: Doutor, a minha filha é perfeita? ", diz Laurinda. "Ele me respondeu: O que é ser perfeita? É ter braços? Pernas? Então ela é perfeita".
Embora desconfiassem do diagnóstico, nenhum profissional do hospital revelou à família a deficiência de Gabriela. Afirmaram apenas que ela tinha algum "problema genético". Ao deixar a maternidade, Laurinda procurou ajuda. "Foi um choque descobrir que a minha filha era Down. O médico me contou da pior forma possível. Disse que ela ia ter um monte de doenças, ter problemas cardíacos e ia morrer. Até que uma amiga me alertou que eu teria de escolher entre fechá-la dentro de casa ou abri-la para o mundo. Vesti a Gabriela com a melhor roupa e saí."

A desinformação – que em parte se deve aos próprios profissionais de saúde – perpetua um mito que a ciência já derrubou. É raro, mas mulheres Downs podem engravidar. "No mundo todo, há apenas cerca de 30 casos documentados de mulheres Downs que tiveram filhos", diz Siegfried M. Pueschel, geneticista do Rhode Island Hospital, nos Estados Unidos, um dos maiores estudiosos da síndrome.
Os homens são quase sempre estéreis. Na literatura médica, há só três casos descritos de pais Downs. Com as mulheres é diferente. "Um terço delas é fértil. Um terço ovula irregularmente. E um terço não ovula", afirma o geneticista Juan Llerena Junior, do Instituto Fernandes Figueira, uma unidade da Fiocruz. "Hoje, os jovens que têm a síndrome estão mais expostos à vida social e ao sexo. Muitos deles trabalham, têm amigos, saem para se divertir. Antes não era assim. Eles ficavam mais reclusos", diz Pueschel.

A postura positiva de Laurinda, mãe de Gabriela, foi determinante no desenvolvimento da filha. Gabriela deu os primeiros passos sozinha aos 2 anos e 8 meses. Na infância, tinha medo de água e de andar de bicicleta. Afogava-se na piscina, mas pulava de novo até aprender a nadar. Ao andar de bicicleta, caía. Ralava as pernas. Subia de volta e pedalava. Apesar dos hematomas que ganhava nas aulas de judô, lutou para chegar à quarta faixa. Gabriela resistiu aos golpes – e revidou –, a ponto de pendurar uma medalha no peito. Dançou balé. Foi rainha de bateria de escola de samba e tocou tamborim numa ala dominada por homens. Gabriela fica indignada por não dirigir. "Se todo mundo pode, por que eu não posso?", diz.
Em Socorro, cidade do interior paulista onde vive, ela é mais popular que o prefeito. Todo mundo conhece um pouco de sua história.

http://revistaepoca.globo.com/


Fonte: www.aleitamento.com


Fonte:Revista Época - Ed. Globo

Data: 28/10/2008


Essa é uma das mais belas histórias que eu já conheci.

Que DEUS os abençoe a a família que terá uma participação especialíssma nesse caso.


5 comentários:

O Filho de Zeus disse...

Estive aqui para agradecer-lhe a visita e, principalmente, as palavras deixadas no DIÁRIO DE EROS. Porém a história de Gabriela e Fábio surpreendeu-me. Apesar da minha idade e da minha instrução, sempre soube que os downs não geravam filhos, daí omotibo da minha surpresa.
Aproveito para fazer-lhe um convite: caso tenha interesse em literatura, visite meu outro espaço, o PORTAL DA POESIA (joesio.blogspot.com).
Um forte abraço.
Joésio

Cadinho RoCo disse...

Estou muitíssimo agradecido por você ter aberto caminho para que eu viesse aqui e deparasse com relato tão lindo emocionante gratificante. Somos mais, podemos mais. Pelo amor as possibilidades tornam-se totalmente ampliadas. Lindo, lindo, lindo este encontro que dá ao meu dia luminosidade outra.
Cadinho RoCo

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Oi Roberta, desculpa nao ler o tem post hoje, pois estou correndo com a blogagem coletiva que tem início amamnha e termina no sábado.

Aqui neste link:
http://saia-justa-georgia.blogspot.com/2008/10/adocao-um-ato-de-nobreza.html

Tem o post da convocatória sobre a blogagem. Assim vc poderá ler toda a questao em si.

Me confirma no blog blogagem, se vc quer participar com um post falando sobre este assunto num desses dias. Nós fizemos um blog só para colocarmos as postagens que foi esse que vc visitou.

Pretendo atualizar a lista de participantes e se vc puder ainda me confirmar te coloco hoje mesmo, senao amanha, isso nao tem problema. O mais importante é falarmos sobre ese assunto.
Um garnde abraco e obrigada.

Aqui o link do blog blogagem:
http://blog-blogagem.blogspot.com/

Um grande abraco

Georgia Aegerter disse...

Roberta, coloquei este seu blog como participante na blogagem, está bem?

Agora é só postar.

beijao

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Roberta já está lá na lista de participacao. O que ainda nao consta é na lista dos que já postaram.

Obrigada beijao